Chique


Ah, restaurantes chiques, nossa grande oportunidade de colocar em prática tudo o que passamos todos esses anos aprendendo em Titanic e O Diário da Princesa. Mas confesso que essa parte da cadeira é a pior de todas, pra mim. Precisa de muita coordenação entre eu e a pessoa a empurrando enquanto eu sento pra dar certo. É quase um passo de coreografia em dupla, sabe. E eu não assisti Dirty Dancing o suficiente pra aprender a fazer isso.
Ou Lambada, a Dança Proibida.


Torcedor na copa


Faltou só colocar ele levando uma pelúcia do Fuleco, mas fiquei com medo de ser processada pela Fifa por não ter pago 3 rins para poder fazer uma Tirinha Patrocinadora Oficial da Copa do Mundo da Fifa de 2014™.

(Essa tirinha está nesse formato diferente porque foi mais uma das que eu fiz para os concursos do Ideias Ilustradas. Como não foram todos de vocês que a viram, resolvi repostar.)

Coisa de garota

 

As pessoas estão sempre tentando te dizer o que gostar ou não gostar, já que assim fica mais fácil te encaixar em estereótipos com os quais elas já estão acostumadas a lidar. Mas eu nunca me preocupei em obedecer. Me divirto escolhendo vestidos fofos no shopping tanto quanto me divirto rolando na lama em um acampamento de Krav Magá. A sociedade fica incrédula quando isso acontece. "Você não devia gostar disso, não é coisa de menina direita. Não é coisa de gente inteligente. Não é coisa de gente normal". Ou, o mais comum na internet hoje em dia, "não é possível uma garota que gosta de X gostar de Y também. Vamos linchá-la em público por ser uma poser falsa!". 

É uma pena. Espero que algum dia essas pessoas entendam que não existe problema em ser indefinido. Não existe problema em não se encaixar em um estereótipo. Não existe problema em não se limitar a um padrão.

Mas, enquanto não entendem, vou seguindo sendo quem eu sou. Uma mistura? Sim. Mas uma mistura livre.

Pastel



"(...)
O ancião se debruçou sobre a fogueira, um sorriso misterioso brotando por entre a barba.

— Ele existe!

As crianças puxaram o ar em admiração. Reflexos laranjas das chamas dançavam nos olhos de cada uma, mas não era só por isso que eles brilhavam.
— Mas… — o pequeno Timmy hesitou. Ele sempre fora o mais cético dos jovenzinhos. — Meus pais falaram que ele não passa de uma lenda para fazer as crianças comerem mais!
Só que o sorriso do ancião só aumentou na sua resposta:
— Então sorte a nossa, que não vamos ter que dividir com eles quando finalmente o encontrarmos!
As crianças riram, e até o pequeno Timmy foi contagiado dessa vez.
— Não desistam quando os adultos mais amargos tentarem lhes desiludir, meus pequeninos — o ancião continuou. — Porque ele é real e está por aí, esperando que vocês o achem. Pode não ser no primeiro. Pode não ser no segundo. Raios, pode não ser até no centésimo ainda. Mas enquanto vocês acreditarem e a esperança brilhar alta no horizonte, algum dia eu tenho certeza que irão encontrá-lo. E então receberão a grande recompensa que antes só seria possível nos mais ousados dos nossos sonhos. A benção valiosa do lendário e único… queijo do pastel de feira.
(...)"

- "As Crônicas de Niazinha II: em Busca do Pastel Enqueijado", BOLINHOS, Niazinha. p. 82. Rio de Janeiro, 2014. Romance não publicado porque não existe.

Mancha roxa


O ser humano é esquisito e cheio de pequenos prazeres perturbadores. "Esse dente está sensível, hora de ficar mordendo com ele." "Esse músculo está dolorido, hora de ficar me alongando com ele." "Essa espinha está inflamada, hora de ficar passando o dedo nela." "Esse vídeo do Dollynho está horrível, hora de ficar clicando no replay." Parece que no fundo somos todos um pouquinho masoquistas.


Direitos


Silvio, homem branco heterosexual com boa condição financeira, já nasceu com tantos bolinhos que nem repara mais que os tem. Aliás, ele até ignora sua gostosura e se foca em comer churros. Agora quero ver o que aconteceria se de repente tirassem os bolinhos dele e ele ficasse como tantas outras pessoas que nasceram em grupos menos afortunados na sociedade. Como será que ele se sentiria?

Ob.: Acho que exagerei nas metáforas dessa vez. Não sei se fui clara. Oh well.

Lixo no chão


Um sonho: ver aquele carro que jogou uma latinha pra fora da janela, correr até ele, pegar a latinha no chão e tacá-la de volta pra dentro da janela do infeliz. Mas aí eu lembro que moro do Rio de Janeiro. O sonho continua o mesmo, só adiciono no final a parte do "e corro pela minha vida antes que o indivíduo saia do carro pra me dar um tiro."

Ob.: Nem sei se dá pra rir desse comentário. Ele é bem triste, na verdade.

Uniformes de herois


Fico pensando em como seria o meu uniforme, caso eu fosse uma heroina. Será que ele teria que representar algo sobre a minha personalidade e meus gostos pessoais? Mas não seria muito ameaçador para os bandidos se eu andasse vestida de unicórnio rosa por aí. E se ele representasse algum dos ideais pelos quais eu luto? Eu quero sim trabalhar para um mundo onde os churros venham com mais recheio em cima, mas algo me diz que essa estampa de um montinho enorme de doce de leite no meu peito ficaria meio, er, de mau-gosto. Mas, então, como poderia ser o meu uniforme?

Ah, quem eu tô enganando. É óbvio que eu seria a Mulher Bolinho, com short estilo forminha rosa, granulado colado no spandex de corpo inteiro e cereja gigante amarrada na cabeça.

Meu superpoder? Matar as pessoas de rir do meu figurino ridículo.